NOVA MÚSICA PORTUGUESA

Numa altura tão perturbadora para quem vive em Portugal deparo-me com um país vazio: vazio de conceitos e cheio de preconceitos!

A indústria da música portuguesa afunda-se um pouco todos os dias... não se vendem discos, poucos concertos se fazem e para melhorar temos os ícones estrangeiros a ocupar lugar nos cartazes dos festivais de Verão!
"Azar!", "a música portuguesa não presta", "Inglês é mais fixe!"...
Pode ser... mas lembrem-se os "putos" (que vivem neste país) que têm de falar e escrever português em Portugal!
Quando precisarem de emprego e lhes fecharem as portas (como fizeram à música portuguesa) lembrem-se de pedir trabalho aos estrangeiros ou aos "falsos artistas" de fora que fizeram enriquecer estupidamente!

Como disse o músico Paco Bandeira um dia na Antena 1: "...temos de ser portugueses erguidos e não de rastos!"

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Manter a guitarra afinada


Uma questão que nos assombra muitas vezes é a forma de manter a guitarra afinada. Uma guitarra desafinada é frustrante e é um teste a nossa inspiração. Não sou um perito em manutenção de guitarras, mas ao longo dos anos fui aprendendo alguns truques que me permitem manter a guitarra afinada durante um concerto. Neste artigo vou tentar dar algumas dicas sobre manutenção básica de guitarra.

Ao comprar uma guitarra: a coisa mais importante quando decides gastar as tuas poupanças numa guitarra nova é escolher uma que soe bem, seja confortável e que te pareça visualmente bem. Ouve os concelhos recomendações que te dão mas lembra-te que não interessa a quão boa ou dispendiosa será a guitarra se TU achares que é uma porcaria. Perde um pouco de tempo a ler este texto e sê picuinhas independentemente do preço que for.
É extremamente importante verificar qualquer dano na guitarra antes de passares o teu cartão de compra. Será complicado se a compras através da Internet, mas podes pedir ao vendedor para te mandar algumas imagens. Certifica-te:
- …que o braço está direito. Qualquer coisa que se assemelhe à curvatura duma banana é lixo (um braço assim pode ser recuperado, mas deverá ser numa guitarra que já é tua).
- …que não há espaço entre o corpo e o braço.
- …que os carrilhões trabalham suavemente.
- …que não há cantos afiados ou obstruções no trémulo/ponte que possam cortar as cordas.
Depois de verificares os pontos acima, não te assustes se o trémulo está demasiado flutuante ou a guitarra é difícil de afinar. Isso poderá ser concertado mais tarde.

A primeira manutenção: quando chegares a casa com “a menina dos teus olhos”, deves substituir as cordas com a marca e tensão desejada. As que vêm de fábrica são de fraca qualidade e podem ter estado na guitarra durante meses. Afina-a e começa a tocar.
Depois de algumas semanas (usa de algum tempo a conhecer a guitarra, de modo a ganhar percepção dos melhores ajustes). Aconselho vivamente a levares a guitarra a uma loja local ou técnico de guitarra para que tais ajustes sejam feitos devidamente. É algo que a loja deve fazer gratuitamente (leva o recibo de compra) e o técnico não levará muito por uma manutenção básica. (serás provavelmente capaz de ajustar a altura das cordas e a ponte/trémulo por ti mesmo).
- O braço poderá necessitar de algum ajuste se mudaste para um encordoamento mais pesado. Mudar de 0.09 para 0.10 aumenta-se cerca de 6 quilos de pressão no braço. Será melhor isso ser visto por um profissional…
- A altura das cordas poder ser alta ou baixa, dependendo da preferência. Podes fazê-lo facilmente ajustando o apoio da corda (na ponte) ou deixar o técnico ver isso. Lembra-te de verificar sempre a calibração de harmónicos depois desses ajustes.
- Também recomendo substituir o pente (peça de plástico no topo do braço). Pode até não ser preciso mas serve para evitar que as cordas fiquem presas nas ranhuras. O pente é feito normalmente de plástico e a guitarra, enquanto transportada, pode ter aberto fendas ou pontas afiadas. Notarás um pequeno "clique" ou o som da corda a escorregar quando afinas, empurras a corda ou usas o trémulo. Também podes pedir ao técnico que preencha as ranhuras para fazer a cordas correr melhor. Recomendo o uso de um pente de osso ou marfim.

Calibração de harmónicos: Às vezes um acorde pode soar perfeito e outro pode soar muito mal. Isso significa que os harmónicos não estão calibrados. Para resolver isso necessitas de ter um bom afinador e afinar a guitarra 100% na tonalidade que costumas utilizar.
Toca uma nota solta e verifica se a oitava do 12º trasto está afinada. Se não estiver, tem que ser calibrada. Isto pode acontecer quando se muda o calibre das cordas, pois causa tensão no braço e na ponte. Não esquecer de ajustar também a altura dos captadores. É crucial que se use cordas novas para que sejam esticadas e colocadas no ponto certo. Cordas velhas tornarão o processo impossível.
A calibração é feita ajustando o apoio da corda, que numa Stratocaster é por trás da ponte.
- Se a oitava no décimo segundo ponto está alta, tens que tornar o comprimento vibrante da corda maior, movendo o apoio em direcção oposta ao braço.
- Se a oitava no décimo segundo ponto está baixa, tens que tornar o comprimento vibrante da corda mais curto, movendo o apoio em direcção ao braço.

O ajuste da ponte: alguns gostam de pontes flutuantes, ao passo que outros preferem-nas fixas ao corpo. Como regra, diria que a ponte numa Stratocaster (com sistema de trémulo clássico) deve ficar paralela ao corpo. Normalmente quando se vai buscar uma guitarra directamente à fábrica, a ponte flutua imenso, com 1cm entre a ponte e o corpo, tornando-a extremamente difícil de a manter afinada e de controlar o trémulo.
Eu apertei os seis parafusos até ao fundo e ajustei a “garra” atrás para compensar a pressão. Este modo pode ser um bocado apertado comparado com algumas formas de calibrar, mas faz as coisas com calma e sê cuidadoso. Recomendo que substituas as molas por umas mais maleáveis. É algo que se deve fazer de dois em dois anos... dependendo do quanto se toca.
Tendo a ponte assim, fica tudo mais estável, mais fácil de usar e controlar.
Não será mau trocar a ponte por uma melhor. Os sistemas que vêem em guitarras baratas ou Fenders novas (de um modo geral) costumam causar problemas de fricção. Aconselho pontes da Callaham (fazem maravilhas na tua guitarra, tanto em afinação como no som).

Uso diário: Pessoalmente não acho muita piada ao som de cordas novas, pois soam muito brilhantes e metálicas... mas é tudo uma questão de gosto. Prefiro o som com alguns dias de uso. Deve-se trocar as cordas de mês a mês, dependendo do quanto se toca. É preciso lembrar que as cordas velhas são difíceis de afinar. Repararás que o afinador captará o som com dificuldade. Um afinador é algo de grande importância (O Boss TU-2 já é um clássico, mas também há outros, nunca algo abaixo 50€ servirá). Um truque que ajudará na afinação é o uso de lubrificante nas ranhuras do pente (fará as cordas moverem-se suavemente). Há quem aplique vaselina ou "graffiti" de um lápis no pente quando se mudam as cordas.
Antes de um concerto eu puxo as cordas, uso o trémulo nos dois sentidos e afino. Isto para ter a certeza que as cordas e o trémulo não vão escorregar ao aquecer. Se a guitarra não afina convenientemente é devido a cordas velhas ou má calibração.

Nota final: uma vez por ano devemos levar a guitarra a um técnico para uma revisão completa. Embora eu consiga fazer a maior parte dos procedimentos, prefiro entregar a guitarra a uma pessoa especializada para o caso de haver algumas coisas que não me tenha apercebido.
Lembra-te: Afinação da guitarra (manutenção/calibração) dever ser feita de acordo com o teu estilo de música e técnica.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Os amplificadores


Assim como as guitarras e efeitos, os amplificadores são assunto e objecto de mito. Qual o melhor? Válvulas ou transístor? Uma questão de gosto e… bolsa!

A amplificação do som da guitarra foi criada em meados dos anos trinta e baseava-se na tecnologia hi-fi (de rádio) do presente. Foi nos anos 50 e 60 que se manifestaram os maiores avanços. Muitos amplificadores da Fender e Vox desse tempo são agora peças raras e valiosas devido ao seu som fiel e qualidade de distorção (apesar dessa saturação não ter sido intencional quando construídos).
É importante explicar que quando surgiu a guitarra eléctrica e a sua amplificação, o objectivo era criar um som natural. O problema da nova geração de amplificadores (transístores e válvulas) é o facto de serem construídos para sons pesados. Muitos médios, um canal limpo feito à medida da sua improvável utilização… e para quê perder tempo para o fazer soar bem?
A “Marshall” especialmente, perdeu muita qualidade nesse ponto!
O bom som paga-se caro nos dias de hoje, nomeadamente para aqueles a quem os seus ouvidos não perdoam. Vou tentar fazer uma lista sucinta de marcas e a sua relação com os estilos de música que lhes estão associados.

Um bom amplificador deve manter-se limpo mesmo em volumes extremos, algo que é impossível para muitas marcas. A “Hiwatt” está no topo, tendo a vantagem de não colorir o som, é completamente limpo. Para quem não tiver capital, procure no Ebay cabeças da “Sound City”, podem encontrar-se a baixo preço e são iguais a “Hiwatt”. O construtor das duas marcas é o mesmo.
Depois temos “Orange, Vox e Fender” com amplificadores lendários. A “Vox” ficou conhecida pelo modelo AC30, popularizado pelo som limpo de Hank Marvin e imortalizado pelo som agressivo de Brian May. A “Fender” com os seus Fender Twin oferece um reverb soberbo e som limpo de chorar. Esse modelo, assim como o Fender Bassman, tinham um som limpo tão bom que serviram também para teclados Rhodes, órgãos Hammond e até baixo eléctrico.
Nos anos 60, surge a “Marshall” propondo mais potência e som distorcido. Podemos ouvir o bom tempo da marca com Hendrix, Page, Frampton, etc. No entanto, todos usavam um pedal fuzz ou outro para sobrecarregar e sujar o sinal. Nesta época, visto o som limpo ainda ser bom, a nuances do guitarrista eram bem marcadas apesar da elevada saturação.
Entre finais de setenta e inícios de oitenta, já havia amplificadores com canais separados e também guitarristas à procura de um amplificador que tivesse um só canal, mas que fosse bom!
Surge a “Mesa/Boogie” com mais ganho, a “ENGL” e desaparecem grandes amplificadores devido á “corrida ao ganho”.
Os amplificadores Mesa descobriram que podiam aumentar o ganho através do uso de transístores na pré-amplificação… (quanto a mim está tudo dito)!
A “ENGL” é uma marca alemã, trazida ao mundo pelos Scorpions. São amplificadores caros, com muito ganho, com muita válvula, prés modernos com mil e uma funcionalidades… capazes de fazer levantar os cabelos do metaleiro com o seu som em bloco, ultra compacto e potente. Porém, no som limpo são o que são: agressivos, compactos (o som não reage ao toque) e agudos, agudos e agudos… mesmo baixando é sempre agreste!..

Resumindo: o som, depois dos anos 60 começou a ficar cada vez mais pesado, saturado e comprimido, aumentando o ganho à proporção da perda do tacto.
A “Marshall” caiu no abismo do capitalismo e tem feito amplificadores vergonhosos e já não se sabe se trabalham com válvulas ou transístores!..
A “Fender” segurou-se muitos anos mas também lança uns amplificadores deprimentes de vez em quando. Os Bassman e Twins que se vendem não são tão bons como os que se faziam… resta-nos ter muito dinheiro e comprar edições de aniversário, ou edições feitas à mão!

Há que dividir então os gostos:

Som puro: Hiwatt, Orange, Fender e Vox (mesmo neste grupo há que escolher muito bem o modelo).
Som com saturação: Marshall (1959 Plexi Super Lead 100)
Som com ganho: Mesa/Boogie, Engl, Laney, Peavey, etc.

Outra questão que se coloca é sobre válvulas/transístores.
A grande diferença entre amplificadores a válvulas ou transístores é o som. Muitos guitarristas defendem os transístores porque soam sempre ao mesmo dia após dia. Sabes sempre o que contar e raramente há problemas. Para mim, esses amplificadores são previsíveis, frios e desprovidos de alma. Os amplificadores a válvulas têm vida própria e podem ser problemáticos para se encontrares as válvulas e acessórios certos, mas nada os transcende em potência e qualidade de som.
Em tom de conclusão: é fácil falar do bom som no papel, mas quando temos que passar o cartão de crédito, o assunto muda de figura! Uma vez que vivemos num país com problemas económicos, vou deixar algumas deixas mais acessíveis.

Para quem quer um pequeno combo apenas para praticar em casa: Epiphone Valve Junior.
Para quem quer um combo para blues, rock antigo: Peavey Classic 30.
Para quem quer ter uma boa amostra de som limpo e saturação natural: Orange Tiny Terror.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

FUZZ FACE



“Não é fácil tirar um bom som dum Fuzz Face! Se tens uma guitarra Cort e um amplificador Crate, não penses soar como o Jimi com fuzz face. Tens que ter uma guitarra e amplificador excelente, tocar pelo menos há vários anos e ter usado outros pedais de fuzz para realmente apreciar o som e tacto de um Fuzz verdadeiro.” - Analog man.

A companhia Inglesa Arbiter Electronics lançada em 66 foi responsável por um dos efeitos mais amados de todos os tempos: o Fuzz Face. A simplicidade do circuito tem causado muito debate, o que é certo é que dois transístores, três condensadores e algumas resistências continua a soar a algo mágico.

Ao contrário de muitos pedais por aí, o fuzz face é muito sensível. Os transístores usados no pedal fazem toda a diferença na tonalidade, na quantidade de fuzz/limpeza de som. Os de germânio foram os primeiros tipo de transístor disponíveis no início dos anos 60. Não eram estáveis nem fáceis de fabricar dum modo consistente. Desde o aparecimento dos transístores de sílica, quase ninguém faz pedais com germânio, e os poucos que se fazem (reedições) não se podem ouvir. Cada transístor usado no Fuzz face tem que ser testado a nível ganho, perdas, ruído e tonalidade para fazer um fuzz soar bem. Estes transístores não se encontram em quantidade, motivo pela qual nenhuma fábrica consegue (ou tenta) fazer um fuzz face que soe bem.

Os fuzz são MUITO SENSÍVEIS ao volume da guitarra: se baixares o volume duma Strat para 7, haverá pouca distorção. Em 9 temos um som suave, meio blues. No 10 o som é “zumbido”, especialmente com captadores de alto ganho ou humbuckers. Poderás também, se usares outros efeitos antes do fuzz face, fazer uma distorção mais pujante. Para obter o som puro, não devem existir efeitos entre a guitarra e o fuzz.

Os fuzz face de sílica surgiram por volta de 1969. Têm mais fuzz de que os de germânio e são mais abertos no som. Com sílica tem-se mais ganho, mas não ficamos com o som totalmente limpo quando baixamos o volume da guitarra. No entanto o som limpa um pouco e são sensíveis às dinâmicas. Apesar de o podermos ligar a um transformador, o pedal soará melhor com uma pilha não alcalina.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Como conectar os pedais na pedaleira


Quando montas os teus pedais ou os dispões na pedaleira, há algumas considerações a ter. Deves excluir tudo o que não usas da cadeia de efeitos. É bom ter muitos pedais, mas se estão lá só por afeição, tira-os. Quanto mais unidades estiverem ligadas mais som de guitarra será sugado e todo o investimento no isolamento e personalização será desperdiçado.

Deves organizar os pedais através duma rota de sinal coerente: Guitarra – fuzz – wah-wah – compressor – reforço/saturação/distorção – Eq – flanger/chorus/leslie – pedal de volume – eco – Amplificador.

O som saturado e distorções devem ser dispostos por tonalidade. Um fuzz deve ser colocado antes de outras unidades saturantes menos “confusas”. Se estás a começar, recomendo apenas o básico: compressor (opcional) distorção/saturação, um efeito de modulação, eco e afinador.
Vários guitarristas (e não só os amadores) têm tendência para usar muitos efeitos e arruinar a tonalidade natural da guitarra e amplificador.

Eu recomendo sinceramente a usar apenas o canal limpo do amplificador e a não usar o “effect loop”. Personaliza o amplificador para um som limpo poderoso e adiciona os efeitos depois. A pior coisa que podes fazer é criar um som através do uso abusivo de equalização e compressão. Certamente perderás o carácter dos pedais e perderás a dinâmica da tua forma de tocar. O equalizador só deve ser usado para fazer sobressair algumas frequências como médios (se a distorção for muito grave ou aguda). A compressão é usada normalmente para se fazer notar o ataque e dar sustentação ao som, mas muita compressão pode dar um efeito indesejado cortando a sustentação.

Outro problema é o ruído, o maior inimigo do guitarrista. No entanto, há algumas maneiras de reduzi-lo a um mínimo. Quanto mais pedais, mais ruído vais ter. Os pedais baratos até podem ter um som interessante mas como são feitos em grande número e com componentes baratos, revelam-se mais ruidosos. Para ajudar a minimizar o efeito deve-se usar bons cabos. Tenta pelo menos evitar aqueles cabos coloridos muito baratos. Recomendo vivamente a gastar um extra e comprar cabos de instrumento e de altifalante como os da Evidence Audio. Garanto que vais ficar surpreendido com a forma com que o teu som vai melhorar.

Ruídos também podem vir de válvulas cansadas ou dos condensadores do amplificador a secar. Se suspeitas destes sintomas liga guitarra directamente ao amplificador e vê se ouves barulhos ou zumbidos. Se estes sons se verificarem, deves reparar isso imediatamente.

Não te tornes obcecado pela procura de ruídos, lembra-te que alguns pedais fazem ruído por natureza (fuzz e distorções). Podes sempre arranjar um pedal de loop que te permite isolar os pedais ruidosos da cadeia e ligá-los aos restantes com um toque no botão… Também podes adquirir um supressor de ruído, mas tende a cortar a sustentação do som!

Quando fores fazer um concerto ao vivo vais ter que fazer alguns testes: Dispõe os pedais/pedaleira e colunas da forma que queres. Dá umas voltas à volta e ouve de vários ângulos (o som raramente soará da melhor forma se estiveres em frente ao amplificador).
Faz os ajustes necessários para ter o melhor som possível. Se a tua banda não tem um técnico de som regular, é melhor fazeres tu próprio.

A arquitectura do palco pode dar cabo da nossa cabeça. Se for fechado dos lados vai tornar o som do teu amplificador um verdadeiro inferno, um palco muito aberto e alto vai deixar o amplificador a soar como um rádio a pilhas. Aumentar o volume só vai distorcer o sinal e apanhar com a reverberação e frequências negativas do palco.
Não te aborreças, liga o material todo e tenta superar isso com tempo, tirando um som decente do monitor de palco.

Trabalhar com som não é fácil, guitarristas famosos entregam todo o seu som ao técnico e nem chegam a rodar um botão. O comum mortal enerva-se e muda de pedais e amplificador, cometendo erros dispendiosos…

Espero que este pedaço de experiência te tenha sido útil. Estás à vontade para me mandares um mail e conversarmos sobre o teu equipamento.

sábado, 1 de dezembro de 2007

O Reverb



O Reverb é o responsável por tornar um som seco de uma guitarra soar a algo tocado noutro mundo / espaço. É algo que todo o produtor utiliza para dar vida a uma gravação. No entanto, o reverb pode estragar o teu som de guitarra tornando todo o esforço de ter um bom equipamento em algo inútil. Vou tentar neste breve ensaio colocar e esclarecer alguns temas de debate relativamente ao reverb.

Reverb ou reverberação é essencialmente um conjunto de vários ecos com tempos e decaimento diferentes que se conjugam entre si. Esta amálgama sonora é que cria ambiente ou reverb.

Basicamente há dois tipos de reverb: de mola e digital. O reverb de mola é normalmente usado nos amplificadores. A mola tem um transdutor num dos lados que converte o sinal para vibrações que são, por sua vez, reconvertidas em sinal eléctrico.

Se tiveres um amplificador com reverb deste tipo experimenta rodar o potenciómetro para traz e para a frente: ouvirás um som engraçado utilizado por muitos guitarristas famosos.

O reverb digital começa por ser a simulação da mola, criando vários tipos de reverb.

As unidades mais acessíveis do mercado não garantem um bom reverb. São as mais caras que têm o software que simula cuidadosamente factores como os tipos de espaço, absorção, e etc.

O reverb é usado na maioria das gravações para criar um som mais encorpado e até para “esconder” vozes fora do tom ou agudos irritantes numa guitarra.

Podemos adicionar o reverb numa pista através das unidades do estúdio (sejam digitais ou analógicas) tornando a edição mais torneável. Outra forma é usar a ambiência da sala onde se está a gravar. Quando gravamos uma guitarra podemos acrescentar um segundo microfone (ou mais) distanciado do altifalante. Esse microfone irá captar o reverb natural da sala e quando se fizer a edição das pistas podem-se criar efeitos muito interessantes.

Quando estiveres numa sala grande, num concerto, vais reparar que o som tem muito reverb. Esse é o ambiente natural da sala. Um lugar pequeno, como um bar, fará o som da banda mais “pequeno”, “cara a cara”, ao passo que num estádio ou um salão fechado sentirás o som “maior” e som dos instrumentos mais macios e equilibrados. Não importa quão grande é o salão, mas é quase absolutamente certo que as guitarras e a bateria (pelo menos) não terão reverb adicionado na mistura. E é onde o debate começa…

Quando ligas a guitarra directamente no canal limpo do amplificador ouves o sinal directo ligeiramente colorido pelo pré. Ouvirás cada nuance do amplificador, captadores e da tua técnica de usar a palheta. Quando adicionamos os efeitos vamos dar cor ao som de base, dar novas dimensões ao teu som e afectar de novo a maneira como tocas e como o amplificador vai soar. Quando tocas ao vivo, independentemente de ser num local grande ou médio, o teu som vai ecoar pela sala e reverberar naturalmente. Resumindo: quando usas reverb do teu amplificador ou duma unidade de efeito, vais juntar o teu reverb ao existente na sala. Isso poderá estragar tudo e os teus fans não irão ouvir o som fantástico que usas nos ensaios.

No entanto, com peso e medida, podemos obter resultados fantásticos: se o reverb se for usado para criar ambiências (que ficam mais a trás na mistura) ajudará a transportar a banda para outra dimensão. Significa que se o sinal for forte (que passe por cima dos instrumentos) vai reverberar na sala, mas se for um sinal fraco de presença, poderá não influenciar muito, criando uma agradável sensação de transporte.

Para quem procura a pedra filosofal do som, aqui vai mais um ingrediente que pode fazer toda diferença: Holy Grail. http://www.ehx.com