NOVA MÚSICA PORTUGUESA

Numa altura tão perturbadora para quem vive em Portugal deparo-me com um país vazio: vazio de conceitos e cheio de preconceitos!

A indústria da música portuguesa afunda-se um pouco todos os dias... não se vendem discos, poucos concertos se fazem e para melhorar temos os ícones estrangeiros a ocupar lugar nos cartazes dos festivais de Verão!
"Azar!", "a música portuguesa não presta", "Inglês é mais fixe!"...
Pode ser... mas lembrem-se os "putos" (que vivem neste país) que têm de falar e escrever português em Portugal!
Quando precisarem de emprego e lhes fecharem as portas (como fizeram à música portuguesa) lembrem-se de pedir trabalho aos estrangeiros ou aos "falsos artistas" de fora que fizeram enriquecer estupidamente!

Como disse o músico Paco Bandeira um dia na Antena 1: "...temos de ser portugueses erguidos e não de rastos!"

domingo, 3 de maio de 2009

Efeitos:1930-1970


Quando dei o nome de “magos de seis cordas” a este blogue, não foi porque era um nome sonante, mas porque além da magia das notas musicais que dá cor a cada guitarrista, há também um outro factor que surge no Sec. XX: os efeitos. A forma como são ligados e usados é semelhante à forma como um mago cria poções. Este precioso factor transforma o guitarrista num indivíduo musicalmente superior (além de músico, ainda é mestre e senhor na arte de criar um som distinto, agradável ou excêntrico através da electricidade).

Para muito conservador, o que acabei de escrever é um atentado! Aquela frase velha e pouco inteligente: “tocar guitarra eléctrica é mais fácil do que tocar acústica” tem de acabar de uma vez por todas!

Eu hoje toco guitarra eléctrica porque havia umas cassetes dos “Shadows” em casa, mas estudei guitarra clássica pelos modelos mais rígidos… e ouvi muitas vezes essa frase triste!

O facto de ter de se acentuar a linha do baixo, tocar a harmonia, destacar a melodia em pulsação apoiada e gerir as dinâmicas (tudo em simultâneo) no estilo de guitarra erudito, não pode constituir superioridade contra quem opta por tocar nota a nota ou acorde a acorde, num saudável convívio com outros instrumentos. Ponto final!


O leitor deve saber que a guitarra descende do Alaúde e que esta vai evoluindo até ganhar as seis cordas que temos hoje. Com o surgir da electricidade, o Homem percebe que pode colocar um instrumento de proporções sonoras tão fracas a solar numa Big Band (anos 30) ao lado de uma trompete. Reparem que a amplificação torna a guitarra num instrumento de solo.

Das mil e uma experiências feitas com as tecnologias que iam surgindo, a reverberação foi das primeiras que deu um patamar de destaque à guitarra eléctrica. Havia uma sensação agradável de espaço que fazia a delícia dos ouvintes, cansados da agressividade dos metais. O Rock estava a nascer!

Nos finais dos anos 50, Hank Marvin (The Shadows) junta três ingredientes de peso: uma Fender Stratocaster, reverberação e o eco. Baseado numa técnica limpa e apurada, Harvin faz da sua banda o maior êxito britânico anterior aos Beatles. A sua mestria no uso do eco vai ter um seguidor especial: David Gilmour (Pink Floyd).

Como todos sabem, a revolução hippy, a liberdade e abuso de estupefacientes levou a mudanças em toda a sociedade americana e britânica. Com percepção alterada ou não, a música tinha de “soar a droga”. Génios e mártires do som, procuraram simular o efeito do consumo de determinadas substâncias através das formas mais bizarras. Devo recordar que tal acontecia também nas expressões plásticas, cinema, nas projecções e jogos de luz! Para dar um pequeno exemplo, reparem no “fumo” de um concerto actual: o fumo sobe desordenado… mas antes não era assim, o “fumo” era frio e mantinha-se abaixo dos joelhos dando um efeito fantástico. Era feito com barras gigantes de gelo derretidas com ácido!


Resumindo:

1. Antes do Sec. XX era tudo acústico.

2. O surgimento da amplificação equilibra a guitarra em relação aos outros instrumentos.

3. O som limpo da guitarra eléctrica aliado à reverberação e ao eco torna-se num ícone.


Nos anos 60 surgem os primeiros sons saturados (um atentado para os puristas da época). Temos que ter em conta que se começava a tocar com o ruído indesejado dos amplificadores. E acreditem… nalguns casos não passavam altifalantes rebentados!

Depois de Hank Marvin, tendo em conta a época, temos de aterrar no planeta Jimi Hendrix! Este génio negro, tocou os clássicos do rock and roll vestido de branco e laço ao pescoço, antes de ser conhecido. Começando a descobrir os limites entre a guitarra e o amplificador, usava de todo o tipo de sons que pudessem sair! Com o tempo, Jimi começou a usar o Fuzz Face e Wha-wha. Criara-se uma lenda!

Além de todo o seu inegável talento, teve sorte de cruzar com Roger Mayer que criava os efeitos que Hendrix sonhava ou alucinava… um deles foi o Uni-Vibe: algo entre um som hipnótico e bolhas de sabão a elevar-se no céu! Conta a lenda, que o seu conjunto pedais era: Wha-wha, Octavia, Fuzz e Univibe.

Nunca mais nada voltaria a ser como de antes! Jimi Hendrix… ame-se ou odeie-se: é um cometa que riscou os céus do Mundo nos anos 60 e que cuja influência ainda continua a entrar nas nossas vidas... nem que seja nas influências que ele deixou no vosso guitarrista favorito!


Continua…