NOVA MÚSICA PORTUGUESA

Numa altura tão perturbadora para quem vive em Portugal deparo-me com um país vazio: vazio de conceitos e cheio de preconceitos!

A indústria da música portuguesa afunda-se um pouco todos os dias... não se vendem discos, poucos concertos se fazem e para melhorar temos os ícones estrangeiros a ocupar lugar nos cartazes dos festivais de Verão!
"Azar!", "a música portuguesa não presta", "Inglês é mais fixe!"...
Pode ser... mas lembrem-se os "putos" (que vivem neste país) que têm de falar e escrever português em Portugal!
Quando precisarem de emprego e lhes fecharem as portas (como fizeram à música portuguesa) lembrem-se de pedir trabalho aos estrangeiros ou aos "falsos artistas" de fora que fizeram enriquecer estupidamente!

Como disse o músico Paco Bandeira um dia na Antena 1: "...temos de ser portugueses erguidos e não de rastos!"

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Os amplificadores


Assim como as guitarras e efeitos, os amplificadores são assunto e objecto de mito. Qual o melhor? Válvulas ou transístor? Uma questão de gosto e… bolsa!

A amplificação do som da guitarra foi criada em meados dos anos trinta e baseava-se na tecnologia hi-fi (de rádio) do presente. Foi nos anos 50 e 60 que se manifestaram os maiores avanços. Muitos amplificadores da Fender e Vox desse tempo são agora peças raras e valiosas devido ao seu som fiel e qualidade de distorção (apesar dessa saturação não ter sido intencional quando construídos).
É importante explicar que quando surgiu a guitarra eléctrica e a sua amplificação, o objectivo era criar um som natural. O problema da nova geração de amplificadores (transístores e válvulas) é o facto de serem construídos para sons pesados. Muitos médios, um canal limpo feito à medida da sua improvável utilização… e para quê perder tempo para o fazer soar bem?
A “Marshall” especialmente, perdeu muita qualidade nesse ponto!
O bom som paga-se caro nos dias de hoje, nomeadamente para aqueles a quem os seus ouvidos não perdoam. Vou tentar fazer uma lista sucinta de marcas e a sua relação com os estilos de música que lhes estão associados.

Um bom amplificador deve manter-se limpo mesmo em volumes extremos, algo que é impossível para muitas marcas. A “Hiwatt” está no topo, tendo a vantagem de não colorir o som, é completamente limpo. Para quem não tiver capital, procure no Ebay cabeças da “Sound City”, podem encontrar-se a baixo preço e são iguais a “Hiwatt”. O construtor das duas marcas é o mesmo.
Depois temos “Orange, Vox e Fender” com amplificadores lendários. A “Vox” ficou conhecida pelo modelo AC30, popularizado pelo som limpo de Hank Marvin e imortalizado pelo som agressivo de Brian May. A “Fender” com os seus Fender Twin oferece um reverb soberbo e som limpo de chorar. Esse modelo, assim como o Fender Bassman, tinham um som limpo tão bom que serviram também para teclados Rhodes, órgãos Hammond e até baixo eléctrico.
Nos anos 60, surge a “Marshall” propondo mais potência e som distorcido. Podemos ouvir o bom tempo da marca com Hendrix, Page, Frampton, etc. No entanto, todos usavam um pedal fuzz ou outro para sobrecarregar e sujar o sinal. Nesta época, visto o som limpo ainda ser bom, a nuances do guitarrista eram bem marcadas apesar da elevada saturação.
Entre finais de setenta e inícios de oitenta, já havia amplificadores com canais separados e também guitarristas à procura de um amplificador que tivesse um só canal, mas que fosse bom!
Surge a “Mesa/Boogie” com mais ganho, a “ENGL” e desaparecem grandes amplificadores devido á “corrida ao ganho”.
Os amplificadores Mesa descobriram que podiam aumentar o ganho através do uso de transístores na pré-amplificação… (quanto a mim está tudo dito)!
A “ENGL” é uma marca alemã, trazida ao mundo pelos Scorpions. São amplificadores caros, com muito ganho, com muita válvula, prés modernos com mil e uma funcionalidades… capazes de fazer levantar os cabelos do metaleiro com o seu som em bloco, ultra compacto e potente. Porém, no som limpo são o que são: agressivos, compactos (o som não reage ao toque) e agudos, agudos e agudos… mesmo baixando é sempre agreste!..

Resumindo: o som, depois dos anos 60 começou a ficar cada vez mais pesado, saturado e comprimido, aumentando o ganho à proporção da perda do tacto.
A “Marshall” caiu no abismo do capitalismo e tem feito amplificadores vergonhosos e já não se sabe se trabalham com válvulas ou transístores!..
A “Fender” segurou-se muitos anos mas também lança uns amplificadores deprimentes de vez em quando. Os Bassman e Twins que se vendem não são tão bons como os que se faziam… resta-nos ter muito dinheiro e comprar edições de aniversário, ou edições feitas à mão!

Há que dividir então os gostos:

Som puro: Hiwatt, Orange, Fender e Vox (mesmo neste grupo há que escolher muito bem o modelo).
Som com saturação: Marshall (1959 Plexi Super Lead 100)
Som com ganho: Mesa/Boogie, Engl, Laney, Peavey, etc.

Outra questão que se coloca é sobre válvulas/transístores.
A grande diferença entre amplificadores a válvulas ou transístores é o som. Muitos guitarristas defendem os transístores porque soam sempre ao mesmo dia após dia. Sabes sempre o que contar e raramente há problemas. Para mim, esses amplificadores são previsíveis, frios e desprovidos de alma. Os amplificadores a válvulas têm vida própria e podem ser problemáticos para se encontrares as válvulas e acessórios certos, mas nada os transcende em potência e qualidade de som.
Em tom de conclusão: é fácil falar do bom som no papel, mas quando temos que passar o cartão de crédito, o assunto muda de figura! Uma vez que vivemos num país com problemas económicos, vou deixar algumas deixas mais acessíveis.

Para quem quer um pequeno combo apenas para praticar em casa: Epiphone Valve Junior.
Para quem quer um combo para blues, rock antigo: Peavey Classic 30.
Para quem quer ter uma boa amostra de som limpo e saturação natural: Orange Tiny Terror.