O Wah-Wah ou “Au-au” (assim era chamado o efeito que os velhotes da minha terra ouviam nos bailes das romarias dos anos 70 em Portugal) é um pedal de guitarra muito típico e com uma caixa própria para se proporcionar a abertura sonora em tempo real.
Este efeito funciona de um modo semelhante a um potenciómetro de EQ, mas controla-se com o pé. Ao mover o potenciómetro do pedal, o filtro que está lá dentro vai fazer sobressair os harmónicos presentes no sinal da guitarra. Quando a plataforma móvel do pedal está para trás, o som soa abafado e se estiver todo para a frente, soará aberto com aumento considerável de agudos. Esse contraste dá a sensação de ouvir o som “Uá”.
O primeiro pedal do género foi criado em 1966, resultado dum “acidente” na construção de um amplificador Vox. No início o efeito foi testado num saxofone, mas chegou-se à conclusão que funcionava melhor numa guitarra do que em instrumentos de sopro. A patente foi aceite no dia 24 de Fevereiro em 1967 com nome de Clyde McCoy (em homenagem ao trompetista que inventara nos anos trinta o efeito wha, tapando e destapando a campânula com a mão) nome que acaba por ser mudado para Cry Baby.
Esta nova possibilidade sonora permitia usar o efeito parar reforçar o som de solo, para criar dinâmicas, ritmos, efeito de voz humana e etc. …
No entanto, houve alguns magos da guitarra que levaram o som mais além:
Jimmy Page, dos Led Zeppelin, mantinha o pedal para a frente criando um som cortante, abdicando muitas vezes do efeito tradicional que o pedal proporcionava.
Frank Zappa usava o wah-wah como um equalizador (de forma fixa para obter diferentes tonalidades).
O Jimi Hendrix, responsável pela popularização do pedal, criou sons icónicos em “Voodoo Child (Slight Return)" e "Little Miss Lover" usando o wha como efeito percussivo, abafando as cordas.
Na música “Echoes” dos Pink Floyd ouve-se o som duma “gaivota gritante”. O efeito foi criado acidentalmente por David Gilmour e usado depois de forma musical e controlada.
Joe Satriani usa o Wha frequentemente parar mudar a frequência do feedback nas suas músicas.
O virtuoso Steve Vai usa o efeito para dar um carácter vocal a algumas frases e para realçar as partes legatto na técnica do “varrer de palheta”.
Mini guia de compra:
O Dunlop crybaby é um clássico. É excelente para um som encorpado e é fácil de encontrar a bons preços. Do mesmo género temos o VOX, embora há quem o ache menos encorpado. Estes dois modelos estão presentes em Hendrix, Page, Gilmour, Satriani, Malmsteen, etc. …
Os DOD são interessantes pelo som limpo que têm, embora seja mais wow-wow de que wah-wah… Bom para sons limpos de funk, tipo banda sonora porno 70’s (som Japonês) ou nos filmes com música de Lalo Shinfrin (Ex. Enter the Dragon – Bruce Lee).
Os Morley são o lado extremo, muito anasalados e tão agressivos que distorcem com som limpo. Requerem prática, uma vez que são menos intuitivos de difíceis de usar do que os Cry Baby… O lado bom deste modelo é o facto de se ligar por si, assim que é movido.
Devo lembrar que tudo o que vou escrevendo neste blog não tem sentido sem uma boa guitarra, amplificador, altifalantes e bons cabos…
Talvez a melhor forma de escolher um wha-wha é ir à loja de música mais próxima e experimentar alguns e tentar perceber qual se encaixa naquilo que se tem em mente.
