
Quando montas os teus pedais ou os dispões na pedaleira, há algumas considerações a ter. Deves excluir tudo o que não usas da cadeia de efeitos. É bom ter muitos pedais, mas se estão lá só por afeição, tira-os. Quanto mais unidades estiverem ligadas mais som de guitarra será sugado e todo o investimento no isolamento e personalização será desperdiçado.
Deves organizar os pedais através duma rota de sinal coerente: Guitarra – fuzz – wah-wah – compressor – reforço/saturação/distorção – Eq – flanger/chorus/leslie – pedal de volume – eco – Amplificador.
O som saturado e distorções devem ser dispostos por tonalidade. Um fuzz deve ser colocado antes de outras unidades saturantes menos “confusas”. Se estás a começar, recomendo apenas o básico: compressor (opcional) distorção/saturação, um efeito de modulação, eco e afinador.
Vários guitarristas (e não só os amadores) têm tendência para usar muitos efeitos e arruinar a tonalidade natural da guitarra e amplificador.
Eu recomendo sinceramente a usar apenas o canal limpo do amplificador e a não usar o “effect loop”. Personaliza o amplificador para um som limpo poderoso e adiciona os efeitos depois. A pior coisa que podes fazer é criar um som através do uso abusivo de equalização e compressão. Certamente perderás o carácter dos pedais e perderás a dinâmica da tua forma de tocar. O equalizador só deve ser usado para fazer sobressair algumas frequências como médios (se a distorção for muito grave ou aguda). A compressão é usada normalmente para se fazer notar o ataque e dar sustentação ao som, mas muita compressão pode dar um efeito indesejado cortando a sustentação.
Outro problema é o ruído, o maior inimigo do guitarrista. No entanto, há algumas maneiras de reduzi-lo a um mínimo. Quanto mais pedais, mais ruído vais ter. Os pedais baratos até podem ter um som interessante mas como são feitos em grande número e com componentes baratos, revelam-se mais ruidosos. Para ajudar a minimizar o efeito deve-se usar bons cabos. Tenta pelo menos evitar aqueles cabos coloridos muito baratos. Recomendo vivamente a gastar um extra e comprar cabos de instrumento e de altifalante como os da Evidence Audio. Garanto que vais ficar surpreendido com a forma com que o teu som vai melhorar.
Ruídos também podem vir de válvulas cansadas ou dos condensadores do amplificador a secar. Se suspeitas destes sintomas liga guitarra directamente ao amplificador e vê se ouves barulhos ou zumbidos. Se estes sons se verificarem, deves reparar isso imediatamente.
Não te tornes obcecado pela procura de ruídos, lembra-te que alguns pedais fazem ruído por natureza (fuzz e distorções). Podes sempre arranjar um pedal de loop que te permite isolar os pedais ruidosos da cadeia e ligá-los aos restantes com um toque no botão… Também podes adquirir um supressor de ruído, mas tende a cortar a sustentação do som!
Quando fores fazer um concerto ao vivo vais ter que fazer alguns testes: Dispõe os pedais/pedaleira e colunas da forma que queres. Dá umas voltas à volta e ouve de vários ângulos (o som raramente soará da melhor forma se estiveres em frente ao amplificador).
Faz os ajustes necessários para ter o melhor som possível. Se a tua banda não tem um técnico de som regular, é melhor fazeres tu próprio.
A arquitectura do palco pode dar cabo da nossa cabeça. Se for fechado dos lados vai tornar o som do teu amplificador um verdadeiro inferno, um palco muito aberto e alto vai deixar o amplificador a soar como um rádio a pilhas. Aumentar o volume só vai distorcer o sinal e apanhar com a reverberação e frequências negativas do palco.
Não te aborreças, liga o material todo e tenta superar isso com tempo, tirando um som decente do monitor de palco.
Trabalhar com som não é fácil, guitarristas famosos entregam todo o seu som ao técnico e nem chegam a rodar um botão. O comum mortal enerva-se e muda de pedais e amplificador, cometendo erros dispendiosos…
Espero que este pedaço de experiência te tenha sido útil. Estás à vontade para me mandares um mail e conversarmos sobre o teu equipamento.