
Num Verão qualquer da minha infância, em tom de desafio, deram-me a ouvir um tipo que “punha a guitarra a falar”. Aquele som fascinou-me! Era um tema chamado “Do you fell like we do” dum concerto ao vivo gravado a meio dos anos setenta. Ainda em cassete, gastei a fita de tanto rebobinar e reproduzir aquele trecho! Mas não me lembro da forma como descobri o “segredo” daquele som… E mesmo depois sabendo que o efeito tinha o nome óbvio de “talk box”, irão perceber que a caixa fala muito pouco ou nada!!
A Talk Box (caixa falante) é um pedal de efeito que assenta no chão. Liga-se à saída do amplificador e tem um tubo (tipo mangueira) que une o pedal à cavidade bocal do guitarrista.
O switch (interruptor) do pedal vai ligar o efeito ou deixar passar o sinal normal da guitarra para os altifalantes. Há um orifício na parte superior do pedal onde se encaixa a mangueira. O outro lado deve ficar perto da boca do executante.
Quando ligado, o som do amplificador entra pela mangueira (não sai no altifalante porque quando o pedal é ligado, desliga o resto). Sendo assim todo o som da guitarra sai por um único lado em direcção da boca do guitarrista.
Esta extremidade deve ficar presa no tripé do microfone para um melhor controlo e até para se poder ouvir, uma vez que o som no tubo nunca tem a força dum altifalante. Sendo assim, é necessário ter ao lado um microfone (de preferência para voz) para se amplificar o sinal no P.A. ou munição. A abertura da boca funciona como um wha wha, mas o som é fortemente modificado pelo próprio formato da boca provocando mudanças em toda a massa harmónica.
Se prestarmos atenção à posição da nossa boca quando pronunciamos as vogais graves reparamos que se fazem com os lábios quase fechados e os sons mais abertos (ex. “á”) são produzidos com uma grande abertura da boca. Se o som está a ser captado por um microfone e o sinal da guitarra entra pela boca é perfeitamente aceitável que o fecho da boca provocará uma grande mudança no som final.
Em tom de resumo histórico: durante os anos 30 usou-se um sistema com altifalantes agarrados à garganta do executante (Sonovox) ligado a vários instrumentos e efeitos.
Em 1939 Alvino Rey usou um microfone de garganta construído para mudar o seu som de guitarra, mas parece que nunca foi muito desenvolvido.
Pete Drake, nos anos 60, usou um sistema feito com um cone de papel com oito polegadas (dum altifalante) ligado a um funil com uma mangueira que levava o som para a boca do executante. O volume de som só permitia a sua gravação em estúdio.
No fim de contas, não se sabe ao certo quem inventou a caixa falante. Doug Forbes patenteou a sua caixa como “laringe artificial” em 1967.
Bob Heil (o inventor da famosa Heil Talk Box) reclama o invento para si, assim como Joe Walsh (The Eagles) se considera pioneiro no uso do efeito (início dos anos setenta).
Conta a lenda que no Natal de 1973 Bob Heil oferece um exemplar do seu invento a Peter Frampton. Este guitarrista não era um topo de vendas até se lembrar de usar a Talk Box num concerto em San Francisco (Frampton Comes Alive!). O sucesso foi tão estrondoso que temos hoje uma caixa falante com o nome “Framptone”. O concerto foi um catalisador da indústria musical mundial, vendendo milhões de cópias!
Agora, vamos acabar com o mito: Não se fala para dentro da mangueira! A guitarra não vai falar!
Como é que Peter Frampton fez a guitarra dizer: “Do you fell like we do”, “Good time”, That’s all right” e “I wanna thank you”?
É simples: reparem nas vogais que as frases têm (du iu fil laike iu du) e juntem o poder da sugestão (o cérebro faz a ligação automática entre a frase mais repetida ao longo de todo o tema e os sons das vogais). Vejam também que as poucas consonantes da frase são surdas e nem se sente a falta delas! Simples, não?
Outra forma curiosa de usar o efeito pode ser ouvido no álbum “Animals” dos Pink Floyd. David Gilmour usa uma “Heil Talk Box” para dar a sugestão de que o som da guitarra é um porco (tema “Pigs”).
No entanto, este efeito é assombrado pelo facto do som fazer tremer os dentes e também pelo número de amplificadores que queimou. Fala-se também dos choques letais derivados das diferenças da voltagem (da massa) quando se toca guitarra eléctrica e se usa um P.A. em simultâneo.
Outro inconveniente é o facto de se ter de usar amplificação para o tubo, sendo este factor minimizado se o executante cantar também na banda.
O que acho fantástico na caixa falante é a forma inteligente e musical como foi utilizada por Frampton e Gilmour. Um aproveitou as vogais para dar a sensação que a guitarra fala e o outro deu a nuance do som de um porco criando um dramatismo ímpar na História da música moderna. Venham mais como eles!
A Talk Box (caixa falante) é um pedal de efeito que assenta no chão. Liga-se à saída do amplificador e tem um tubo (tipo mangueira) que une o pedal à cavidade bocal do guitarrista.
O switch (interruptor) do pedal vai ligar o efeito ou deixar passar o sinal normal da guitarra para os altifalantes. Há um orifício na parte superior do pedal onde se encaixa a mangueira. O outro lado deve ficar perto da boca do executante.
Quando ligado, o som do amplificador entra pela mangueira (não sai no altifalante porque quando o pedal é ligado, desliga o resto). Sendo assim todo o som da guitarra sai por um único lado em direcção da boca do guitarrista.
Esta extremidade deve ficar presa no tripé do microfone para um melhor controlo e até para se poder ouvir, uma vez que o som no tubo nunca tem a força dum altifalante. Sendo assim, é necessário ter ao lado um microfone (de preferência para voz) para se amplificar o sinal no P.A. ou munição. A abertura da boca funciona como um wha wha, mas o som é fortemente modificado pelo próprio formato da boca provocando mudanças em toda a massa harmónica.
Se prestarmos atenção à posição da nossa boca quando pronunciamos as vogais graves reparamos que se fazem com os lábios quase fechados e os sons mais abertos (ex. “á”) são produzidos com uma grande abertura da boca. Se o som está a ser captado por um microfone e o sinal da guitarra entra pela boca é perfeitamente aceitável que o fecho da boca provocará uma grande mudança no som final.
Em tom de resumo histórico: durante os anos 30 usou-se um sistema com altifalantes agarrados à garganta do executante (Sonovox) ligado a vários instrumentos e efeitos.
Em 1939 Alvino Rey usou um microfone de garganta construído para mudar o seu som de guitarra, mas parece que nunca foi muito desenvolvido.
Pete Drake, nos anos 60, usou um sistema feito com um cone de papel com oito polegadas (dum altifalante) ligado a um funil com uma mangueira que levava o som para a boca do executante. O volume de som só permitia a sua gravação em estúdio.
No fim de contas, não se sabe ao certo quem inventou a caixa falante. Doug Forbes patenteou a sua caixa como “laringe artificial” em 1967.
Bob Heil (o inventor da famosa Heil Talk Box) reclama o invento para si, assim como Joe Walsh (The Eagles) se considera pioneiro no uso do efeito (início dos anos setenta).
Conta a lenda que no Natal de 1973 Bob Heil oferece um exemplar do seu invento a Peter Frampton. Este guitarrista não era um topo de vendas até se lembrar de usar a Talk Box num concerto em San Francisco (Frampton Comes Alive!). O sucesso foi tão estrondoso que temos hoje uma caixa falante com o nome “Framptone”. O concerto foi um catalisador da indústria musical mundial, vendendo milhões de cópias!
Agora, vamos acabar com o mito: Não se fala para dentro da mangueira! A guitarra não vai falar!
Como é que Peter Frampton fez a guitarra dizer: “Do you fell like we do”, “Good time”, That’s all right” e “I wanna thank you”?
É simples: reparem nas vogais que as frases têm (du iu fil laike iu du) e juntem o poder da sugestão (o cérebro faz a ligação automática entre a frase mais repetida ao longo de todo o tema e os sons das vogais). Vejam também que as poucas consonantes da frase são surdas e nem se sente a falta delas! Simples, não?
Outra forma curiosa de usar o efeito pode ser ouvido no álbum “Animals” dos Pink Floyd. David Gilmour usa uma “Heil Talk Box” para dar a sugestão de que o som da guitarra é um porco (tema “Pigs”).
No entanto, este efeito é assombrado pelo facto do som fazer tremer os dentes e também pelo número de amplificadores que queimou. Fala-se também dos choques letais derivados das diferenças da voltagem (da massa) quando se toca guitarra eléctrica e se usa um P.A. em simultâneo.
Outro inconveniente é o facto de se ter de usar amplificação para o tubo, sendo este factor minimizado se o executante cantar também na banda.
O que acho fantástico na caixa falante é a forma inteligente e musical como foi utilizada por Frampton e Gilmour. Um aproveitou as vogais para dar a sensação que a guitarra fala e o outro deu a nuance do som de um porco criando um dramatismo ímpar na História da música moderna. Venham mais como eles!