
Michael Gordon Oldfield, vulgarmente conhecido como Mike Oldfield nasceu em Inglaterra no ano de 1953.
Proveniente de uma família ligada à música, Mike absorve música erudita e a guitarra de Hank Marvin dos Shadows. Não será por isso estranho o facto de ter integrado uma banda de tributo a Shadows & Hank Marvin nos anos 60.
OS SINOS TUBULARES (Tubular bells)
Oldfield tocava guitarra sempre que podia, desenvolveu uma técnica própria e começou a fazer música instrumental. Alguns desses temas seriam a base para o seu primeiro disco...
Um dia ele vai ter com Tom Newman (produtor), depois de ter perdido toda a esperança (todas as empresas discográficas recusaram o seu trabalho) e pede para ouvir as suas fitas. O produtor, pensado que se tratava de um bêbado ou que estava na presença de um louco, diz-lhe que ouviria mais tarde e mandou-o embora!
Alguns dias depois Mike volta ao estúdio e pergunta-lhe se já tinha ouvido o seu trabalho, mas Newman nunca mais se lembrara! Tom pegou num leitor de bobines e ficou enfeitiçado com a música: algum tempo depois começavam as gravações!
Mike Oldfield ficou em pânico, pois só tinha uma semana e um dos temas iria durar 25 minutos. Muitos dos instrumentos eram emprestados e foram utilizados à pressa. Durante as sessões tocou mais de 20 instrumentos e foram feitas mais de 2000 dobragens em fita. Tirando a flauta e as vozes femininas, tudo foi feito por ele! Tom Newman e Simon Heyworth foram apenas co-produtores...
O album que ninguém queria chegou ao 1º lugar de forma fugaz, permanceu 279 semanas na lista dos mais vendidos (2,630,000 cópias no Reino Unido).
AS VÁRIAS FASES
Como o Tubular Bells (1973), Hergest Ridge (1974) é uma peça instrumental exelente com dois movimentos. Em 1975 entra no campo da “música do mundo” com Ommadawn e em 1978 lança o Incantations com belos corais, numa espécie de viagem ao centro da terra. Acaba o primeiro ciclo deste génio!
A década de oitenta foi uma época comercial para Mike. Músicas curtas, “orelhudas” e sem essência... o segundo ciclo do músico!
AMAROK
Não se sabe se foi pelas críticas, mas Mike Oldfield surpreendeu o mundo com um trabalho de uma hora ineterrupta de música. Elevou-se num extremo senso de composição e melodia, onde toca mais de 60 instrumentos num mosaico de música portuguesa, flamenco, celta, africana, minimal, folk, progressiva entre outras. Em Amarok (1990) esquecemos o período das trevas e deliciamo-nos com um exelente trabalho acústico e eléctrico de Mike Oldfield. A composição, execução, captação e produção são de nível superior... uma obra anti-comercial, um “bater de portas” de despedida à editora Virgin, com direito a insulto camuflado no código Morse a meio do tema.
GUITARRAS
Como se pode imaginar, fazer uma lista de instrumentos usados por Mike Oldfield até aos nossos dias, desencorajaria até Noé. Será sensato apontar apenas as guitarras mais emblemáticas! Influênciado por Hank Marvin, Mike usou uma Fender Stratocaster vermelha durante largos anos. A única guitarra eléctrica usada no Tubular Bells foi uma Fender Telecaster emprestada dos T-REX. Durante os anos 70 e 80 também usou várias Gibson Les Paul e SG. Desde 1989 até hoje usa uma PRS Artist Custom 24 cor de âmbar.
EFEITOS
O segredo de Mike Oldfield reside no fraseado e som dos instrumentos de sopro, pois sempre tentou emular o som da flauta na guitarra eléctrica.
Para as guitarras soarem a flauta, Mike usou uma caixa misteriosa chamada Glorfindel (uma caixa de madeira cheia de transistores de má qualidade, cravejada de botões). Segundo Tom Newman, a caixa era muito instável, pois ora dava um som aceitável ou (na maior parte das vezes) soa muito mal.
Ao que parece a caixa (no Tubular Bells) produziu um som altamente comprimido e suavemente distorcido. Além disso as guitarras foram dobradas a metade da velocidade e em normal (parte dois aos 08:41).
Esta “ferramenta” é uma variante da técnica de guitarra rápida (speed guitar). O efeito foi criado gravando com a fita correndo a metade da velocidade. Quando a fita era tocada na velocidade normal a guitarra estava a soar ao dobro da velocidade com uma tonalidade muito própria.
Em 1978 Mike usava um sistema bizarro para criar o seu som: ligava a guitarra a um reforço de agudos, ligado a um mini combo (a pilhas) da VOX já com um pouco de saturação. Esse pequeno combo era captado pelo microfone de um gravador de bobines TEAC (saturado para conseguir mais distorção) e depois passava por um equalizador gráfico com os médios reforçados. O sinal era enviado para outro canal da TEAC para, segundo Mike, ajudar a manter a guitarra no nível certo. A saída do aparelho era ligada à mesa de mistura, passava por um reductor de ruídos e um outro equalizador. Ele também tinha um combo Fender Twin Reverb no estúdio que usava por vezes para tornar o som mais quente (tornando o som mais real e menos electrónico).
O guitarrista começou a usar sintetizadores para guitarra desde meados dos anos 80, nomeadamente o Roland GR-300/G-808. Nos anos 90 usou uma PRS Custom 24 vermelha equipada com um Roland GK2 num Roland VG8 e recentemente um Line 6 Variax.
Além dos sons MIDI, ele também usa o Wha-wha fixo numa posição intermédia para obter determindas tonalidades.
Além da tecnologia digital e analógica, Oldfield usa uma técnica fora do comum: toca com dedo e unha (típico da guitarra clássica) e usa de várias formas de obter vibrato, nomeadamente o seu característico vibrato clássico a alta velocidade.
O próprio músico admite que muita da sua forma de tocar vem da musica tradicional e da técnica do baixo.
Até aqui podemos vislumbrar uma forma de tocar guitarra diferente, pois não há frases de blues, nem pentatónicas. Há um certo ar erudito... a técnica da guitarra clássica numa guitarra eléctrica!
DICA DO MÊS
Todos as obras de Mike Oldfield até 1978 são de referência mundial, sendo o Tubular Bells o mais famoso! Para aqueles a quem o som típico da década de 70 lhes desagrada, pode ouvir o Tubular Bells 2003 (Mike pegou nas fitas originais e tocou de novo alguns instrumentos criando um “novo” produto com uma sonoridade mais moderna).
AMAROK é obrigatório ter na prateleira, mesmo que a obra não seja totalmente do nosso agrado. É uma das melhores criações musicais do século XX.