NOVA MÚSICA PORTUGUESA

Numa altura tão perturbadora para quem vive em Portugal deparo-me com um país vazio: vazio de conceitos e cheio de preconceitos!

A indústria da música portuguesa afunda-se um pouco todos os dias... não se vendem discos, poucos concertos se fazem e para melhorar temos os ícones estrangeiros a ocupar lugar nos cartazes dos festivais de Verão!
"Azar!", "a música portuguesa não presta", "Inglês é mais fixe!"...
Pode ser... mas lembrem-se os "putos" (que vivem neste país) que têm de falar e escrever português em Portugal!
Quando precisarem de emprego e lhes fecharem as portas (como fizeram à música portuguesa) lembrem-se de pedir trabalho aos estrangeiros ou aos "falsos artistas" de fora que fizeram enriquecer estupidamente!

Como disse o músico Paco Bandeira um dia na Antena 1: "...temos de ser portugueses erguidos e não de rastos!"

terça-feira, 1 de julho de 2008

Afinações alternativas

Talvez a história não contemple a natureza das afinações, mas sendo a guitarra uma descendente do alaúde (no início apenas com cinco cordas) não será difícil imaginar de onde vem a afinação convencional da guitarra. O bordão Mi foi um extra, semelhante ao Si das guitarras com sete cordas. Por esse motivo, há quem baixe a afinação da corda Mi em busca dum suporte de graves para a tonalidade em uso.
Porém, há formas de fazer acordes que são impossíveis em várias tonalidades, uma vez que os dedos de um ser humano não esticam o suficiente para tocar as notas que queremos ouvir.Além disso, ás vezes sofremos daquele mal terrível que faz o instrumento soar monótono e nos corta a inspiração.
No entanto, podemos considerar-nos sortudos. Mudando a afinação de algumas cordas, podemos tocar combinações de notas que antes seriam impossíveis. As “afinações alternativas” foram exploradas de forma extensiva por vários músicos.
Aprender a tocar nestas afinações pode ser complicado. Se achas que tocar em MI LÁ RÉ SOL SI MI já te dá que fazer, estás convidado a um verdadeiro desafio! Terás que reaprender todos os acordes cada vez que trabalhas numa nova afinação. Por esse motivo, muitos músicos costumam explorar uma nova afinação durante um longo período de tempo antes de experimentar outra.
Bordão em RÉ (Drop D) – RÉ LÁ RÉ SOL SI MI
Esta afinação consiste em baixar o bordão Mi para Ré. As outras cordas permanecem normais.
Interessante é saber que também é usada na música tradicional portuguesa (raro): ouça-se o tema “Chamarrita zaragateira” do álbum “Ceia louca” da Brigada Victor Jara.
Lá fora, foi utilizado pelos Nirvana, Led Zeppelin, etc.
Fica aqui em nota o facto de esta alternativa ser uma boa forma para começar a entrar no mundo das novas afinações.
Alaúde – MI LA RÉ FÁ# SI MI
Está tudo dito: é afinação do alude. Funciona muito bem numa guitarra de 12 cordas.
RÉ LÁ RÉ SOL LÁ RÉ – Afinação explorada por Jimmy Page e Davey Graham. Note-se o facto de termos três RÉ e dois LÁ, que proporciona um som mais exótico.
RÉ SOL DÓ SOL DÓ RÉ – Quem não conhece a “rain song” dos Led Zeppelin? Temos Ré nos extremos, dois Sol e dois Dó. Um bilhete grátis para outro mundo!...
DÓ SOL DÓ SOL DÓ MI – Mais Led Zeppelin (Friends) e Devin Townsend. Dá um som bonito, mas não é versátil. A nota Mi torna o acorde de Dó maior. E menores? Baixamos a corda para fazer terceira menor?
Celta – DÓ RÉ SOL SOL LÁ RÉ
Como o nome indica, esta variação parece ter sido usado na música Celta.
RÉ SOL RÉ SOL SI MI – Conhecida pela afinação de Sol. Usada por Keith Richards e David Gilmour.
Há uma afinação desconhecida muito "portuguesa", invenção dos povos serranos da serra da Lousã.
Pelo que posso imaginar, a sua génese deveu-se à falta de instrumentos e conhecimentos sobre transposição, não obstante o espírito aventureiro dos meus ascendentes.
Há afinações interessantes noutros instrumentos de corda por esse país fora… podemos passar para a guitarra.
Um pouco por todo o mundo há afinações alternativas, até mesmo em Portugal! Há-que ter em conta que o conhecimento musical teve contornos elitistas pela Europa fora. Mas a música não se deixou oprimir nem se deixou prender. A prova disso é a música étnica: a falta de estudo, de regras musicais e a necessidade dum emergir do sentimento levaram a uma busca “primata” do som. Essa “ingenuidade” musical é a mais pura e perfeita forma de música!
Dedico este artigo ao Dr. Louzã Henriques.