
Talvez este artigo possa ser controverso… mas vou correr o risco!
Pete Cornish, um menino inglês que ajudava o seu tio a construir rádios e amplificadores tornou-se um dos maiores “criadores” de pedais para guitarra do Mundo.
Com dezasseis anos aprendeu bastante na aviação, onde ganhou a mania de usar bons componentes. Mais tarde trabalhou numa loja da Sound City (antes de se chamar Hiwatt) na época dourada dos efeitos de guitarra, reparando amplificadores de bandas como Pink Floyd e Queen.
Nos anos setenta, Cornish inventou um sistema que permitia ligar muitos pedais com uma relação muito baixa de ruído (mantendo a qualidade dos efeitos intacta). Segundo o próprio, só se percebe que a guitarra está ligada quando se toca numa corda.
Vários foram os utilizadores, mas foi David Gilmour o que mais usou e beneficiou desse avanço tecnológico, uma vez que usava dezenas de pedais.
Pete e a sua esposa Lynda trabalham juntos nesta actividade e também constroem pedais. Esta harmonia laboral pode levar a uma dependência de vendas regulares para pagar contas…
Ele diz que usa os melhores componentes com intuito de durarem toda a vida. Obviamente isso pode elevar o custo de um pedal. Devo lembrar que também há a mão-de-obra, os pingos de solda, a electricidade, a tinta cinzenta da caixa, a “laca” vermelha, etc.…
Pegando no famoso pedal Cornish G-2 (uma versão de um Big Muff?) arrisco aqui uma simbólica lista de componentes (duma versão que combina os dois primeiros modelos de Big Muff) certamente bem conhecida deste senhor.
Atenção: a lista é apenas para referência! Os preços da lista foram calculados em média só para levar o leitor à ideia final!
35 Resistências 0.20€ (p/uni.)
4 Condensadores electrolíticos 0.20€ (p/uni.)
8 Condensadores de película metálica 1€ (p/uni.)
7 Condensadores cerâmicos 0.10€ (p/uni.)
8 Transístores 0.50€ (p/uni.)
4 Diodos 0.15€ (p/uni.)
Activador de sinal 6€
3 Cápsulas para potenciómetro 3€ (p/uni.)
3 Potenciómetros 7€ (p/uni.)
2 Entradas de Jack 8€ (p/uni.)
Entrada de alimentação 1€
Caixa 10€
Placa 10€
LED brilhante 1€
Fio 4€ (p/metro)
Esta lista de componentes é vendida em kit actualmente por $ 89.99 e o vendedor ainda tem de ganhar a sua parte! Procurei aumentar os preços e usar material caro para tentar perceber o preço final dos pedais Cornish.
Imaginemos que Pete teve uns 125€ de despesas nas peças: quanto vocês cobrariam acima deste valor (montagem)? 100€?
Sendo assim o pedal fica em 225€. É o preço que a malta paga por um processador tailandês digital que traz mil efeitos… Não há comparação sequer, mas todos entenderão o preço final deste pedal?
E se vos disser que este senhor tem selos de garantia nos seus pedais? Quem retirar um só parafuso perde o direito à reparação (dum objecto que custaria 225€). Tudo bem… ele não repara o pedal que EU lhe paguei, vou ter com um técnico para resolver o problema.
Ao abrir o pedal voltamos a ser surpreendidos com mais uma tecnologia de ponta, nunca vista noutras marcas: todo o circuito está ilegível sob uma “tinta” vermelha que ele usava na aviação. É impossível reparar… é impossível saber que pedal é… é impossível saber os valores dos componentes! (Agradeço ao dono pedal o facto de ter sacrificado a garantia do seu Cornish para poder tirar a foto presente no artigo deste mês). Chegamos à conclusão que perdemos 225€!!!
Admirados? Agora vem a cereja no topo do bolo: o pedal G-2 não custa 225€… pois já o vi no limiar dos mil euros. Mas há mais: ele não cria de raiz, ele baseia-se noutras marcas que não esconderam o circuito, o que lhe permitiu modificar e fazer fortuna. Ele modificou um BOSS DD-2 e vende-o com o nome TES a preços de outro mundo (US $1566.95).
No que toca à capacidade de resposta aos clientes, Pete parece ser rápido. Deixo um exemplo de um rapaz brasileiro que pediu um conselho relativamente à eliminação de ruídos: ao que parece, Cornish respondeu no dia seguinte dizendo que sabia perfeitamente como resolver a situação! No entanto perguntava se tinha uma conta bancária como Brian May ou David Gilmour (seus clientes)! Caso contrário, já não saberia como resolver!
Vamos ao som: o seu simulador de fita (eco) não soa tanto a fita como um banal eco analógico da Maxon ou Dunlop. O G-2 é um triste remedeio para quem perde um Big Muff (Triangle ou Ram’s head) soando a uma mistura de Pro Co Rat com Fuzz. Pode-se dizer que nem é carne, nem é peixe! Na minha modesta opinião sinto falta de alma no som aliado a alguma “rudeza militar”.
O lado positivo destes e outros “pedais Pete Cornish” poderá ser a construção: parece ser durável e sem ruídos, mas o acabamento da caixa parece mais um comando duma máquina industrial, pintado de cinzento com as letras em autocolante…
Em tom de conclusão: as marcas são relativas, “o melhor” é discutível e nem sempre o dispendioso vai de encontro aos nossos ouvidos. O comum consumidor deve informar-se e tentar compreender… e se por norma tento desmistificar e verificar o grau de veracidade de material ligado à música, neste caso sou EU que não compreendo!
Pete Cornish, um menino inglês que ajudava o seu tio a construir rádios e amplificadores tornou-se um dos maiores “criadores” de pedais para guitarra do Mundo.
Com dezasseis anos aprendeu bastante na aviação, onde ganhou a mania de usar bons componentes. Mais tarde trabalhou numa loja da Sound City (antes de se chamar Hiwatt) na época dourada dos efeitos de guitarra, reparando amplificadores de bandas como Pink Floyd e Queen.
Nos anos setenta, Cornish inventou um sistema que permitia ligar muitos pedais com uma relação muito baixa de ruído (mantendo a qualidade dos efeitos intacta). Segundo o próprio, só se percebe que a guitarra está ligada quando se toca numa corda.
Vários foram os utilizadores, mas foi David Gilmour o que mais usou e beneficiou desse avanço tecnológico, uma vez que usava dezenas de pedais.
Pete e a sua esposa Lynda trabalham juntos nesta actividade e também constroem pedais. Esta harmonia laboral pode levar a uma dependência de vendas regulares para pagar contas…
Ele diz que usa os melhores componentes com intuito de durarem toda a vida. Obviamente isso pode elevar o custo de um pedal. Devo lembrar que também há a mão-de-obra, os pingos de solda, a electricidade, a tinta cinzenta da caixa, a “laca” vermelha, etc.…
Pegando no famoso pedal Cornish G-2 (uma versão de um Big Muff?) arrisco aqui uma simbólica lista de componentes (duma versão que combina os dois primeiros modelos de Big Muff) certamente bem conhecida deste senhor.
Atenção: a lista é apenas para referência! Os preços da lista foram calculados em média só para levar o leitor à ideia final!
35 Resistências 0.20€ (p/uni.)
4 Condensadores electrolíticos 0.20€ (p/uni.)
8 Condensadores de película metálica 1€ (p/uni.)
7 Condensadores cerâmicos 0.10€ (p/uni.)
8 Transístores 0.50€ (p/uni.)
4 Diodos 0.15€ (p/uni.)
Activador de sinal 6€
3 Cápsulas para potenciómetro 3€ (p/uni.)
3 Potenciómetros 7€ (p/uni.)
2 Entradas de Jack 8€ (p/uni.)
Entrada de alimentação 1€
Caixa 10€
Placa 10€
LED brilhante 1€
Fio 4€ (p/metro)
Esta lista de componentes é vendida em kit actualmente por $ 89.99 e o vendedor ainda tem de ganhar a sua parte! Procurei aumentar os preços e usar material caro para tentar perceber o preço final dos pedais Cornish.
Imaginemos que Pete teve uns 125€ de despesas nas peças: quanto vocês cobrariam acima deste valor (montagem)? 100€?
Sendo assim o pedal fica em 225€. É o preço que a malta paga por um processador tailandês digital que traz mil efeitos… Não há comparação sequer, mas todos entenderão o preço final deste pedal?
E se vos disser que este senhor tem selos de garantia nos seus pedais? Quem retirar um só parafuso perde o direito à reparação (dum objecto que custaria 225€). Tudo bem… ele não repara o pedal que EU lhe paguei, vou ter com um técnico para resolver o problema.
Ao abrir o pedal voltamos a ser surpreendidos com mais uma tecnologia de ponta, nunca vista noutras marcas: todo o circuito está ilegível sob uma “tinta” vermelha que ele usava na aviação. É impossível reparar… é impossível saber que pedal é… é impossível saber os valores dos componentes! (Agradeço ao dono pedal o facto de ter sacrificado a garantia do seu Cornish para poder tirar a foto presente no artigo deste mês). Chegamos à conclusão que perdemos 225€!!!
Admirados? Agora vem a cereja no topo do bolo: o pedal G-2 não custa 225€… pois já o vi no limiar dos mil euros. Mas há mais: ele não cria de raiz, ele baseia-se noutras marcas que não esconderam o circuito, o que lhe permitiu modificar e fazer fortuna. Ele modificou um BOSS DD-2 e vende-o com o nome TES a preços de outro mundo (US $1566.95).
No que toca à capacidade de resposta aos clientes, Pete parece ser rápido. Deixo um exemplo de um rapaz brasileiro que pediu um conselho relativamente à eliminação de ruídos: ao que parece, Cornish respondeu no dia seguinte dizendo que sabia perfeitamente como resolver a situação! No entanto perguntava se tinha uma conta bancária como Brian May ou David Gilmour (seus clientes)! Caso contrário, já não saberia como resolver!
Vamos ao som: o seu simulador de fita (eco) não soa tanto a fita como um banal eco analógico da Maxon ou Dunlop. O G-2 é um triste remedeio para quem perde um Big Muff (Triangle ou Ram’s head) soando a uma mistura de Pro Co Rat com Fuzz. Pode-se dizer que nem é carne, nem é peixe! Na minha modesta opinião sinto falta de alma no som aliado a alguma “rudeza militar”.
O lado positivo destes e outros “pedais Pete Cornish” poderá ser a construção: parece ser durável e sem ruídos, mas o acabamento da caixa parece mais um comando duma máquina industrial, pintado de cinzento com as letras em autocolante…
Em tom de conclusão: as marcas são relativas, “o melhor” é discutível e nem sempre o dispendioso vai de encontro aos nossos ouvidos. O comum consumidor deve informar-se e tentar compreender… e se por norma tento desmistificar e verificar o grau de veracidade de material ligado à música, neste caso sou EU que não compreendo!