
Neste mundo de milhentos pedais e unidades de rack, há ainda um ou dois efeitos que ajudam a resolver alguns pormenores ou a dar o toque que falta ao som.
A solução desses casos pode passar apenas por localizar o problema e se for caso, aplicar-lhe EQ ou compressão. Ambos podem ser grande utensílio em dar forma ao som, mas basta um toque a mais para arruinar com tudo!
Normalmente estes dois “utensílios” são mais comuns no estúdio do que nas versões em pedal. Recordo que a versão para guitarristas surgiu nos anos setenta, embora no estúdio já se usasse em gravação há décadas.
Um equalizador é usado para aumentar e/ou diminuir determinadas frequências do espectro sonoro. A versão em pedal deve sempre ser colocada depois das distorções / reforços e antes dos efeitos de modulação (flanger, phaser, chorus, etc). Desta forma consegue-se sempre dar forma ao som limpo e dar vida às distorções.
O problema mais frequente com EQ ocorre quando se tenta resolver o problema do som apagado, adicionando médios, graves ou agudos. Isto é: aumentando as frequências em demasia!
Essa questão do som meio abafado tem por causa mais comum o facto de se ter muitos pedais em cadeia (perde-se qualidade de som e criam-se incompatibilidades entre pedais). O melhor será proceder a uma “limpeza” na rota de efeitos, retirando ao invés de se tentar resolver adicionando algo ainda mais.
EQ deve ser usado com cautela. Aconselho a usar apenas para dar cor a um determinado efeito do que usar para todos os sons.
O compressor também surge no estúdio, sendo usado como controle de volume e sustentação. É usado para suavizar as frequências altas, tornar os graves concisos e suster o final do sinal. Há guitarristas só o usam como reforço, deixando o potenciómetro de sustentação no zero. O compressor dever ser sempre colocado no início da cadeia de efeitos (fica a ser o primeiro pedal) exceptuando o caso de existir um pedal Fuzz também. Sendo assim, o Fuzz será o primeiro pedal da cadeia, seguido imediatamente pelo compressor.
Há que ter algum cuidado na forma de usar um compressor, pois é comum os guitarristas exagerarem nos valores do efeito (tornando o som muito destacado / muito solto) ou deixarem o efeito ligado sempre (assim surge mais ruído, especialmente quando se usa distorções e saturadores com o ganho alto).
A solução é simplificar: os sons limpos e os saturadores poderão necessitar de compressão, mas as distorções raramente precisam. Recordo que um amplificador a válvulas dará compressão por si só, em volumes de meio para cima.
Algumas receitas caseiras do avô:
Ligar a guitarra ao amplificador e calibrar o som de modo a obter um som limpo potente, pois vai ser a base para todos os sons. Não tentem criar a vossa distorção favorita mexendo mil botões e ganhos sem antes tirar o melhor do vosso amplificador e dos captadores.
Se tudo correr bem poderão notar que um amplificador muito bom, com o volume alto, dará todo o carácter e compressão desejada.
No caso dos amplificadores pequenos (até mesmo os de transístores) poderão ter hipótese de ouvir o que faltava. Para ajudar a compensar a falta de válvulas, pode-se aumentar o valor de sustentação do compressor. Esta dica vai fazer o vosso som assobiar em material de pequenas dimensões.
Opinião pessoal para auxiliar na compra:
Há um compressor tristemente desaparecido, o BOSS CS2 (tem a particularidade de ter um som quente / aveludado e dinâmico. Este pedal funciona tão bem com som limpo como no som saturado / distorção dando uma boa sustentação.
No outro lado da moeda temos o compressor óptico. O Demeter Compulator é baseado nos compressores de rack usados nos estúdios. O som é semelhante ao MXR Dynacomp, mas muito mais dinâmico. É tão subtil que parece que não está ligado, mas se o desligamos notamos imediatamente. Todos os compressores ópticos são conhecidos pelo seu som aberto e dinâmico, no entanto perdem em sustentação.
Pegando em cento e poucos euros podemos adquirir um BOSS CS3 (razoável), um BBE Orange Squash (dá para safar) e um MXR Dynacomp (muito bom na relação qualidade-preço).